O Bloco de Esquerda apresentou no passado Sábado as suas prioridades
e a sua candidatura à Câmara do Porto. O que a distingue das demais
candidaturas (entre as oficializadas e as presumíveis) é o objecto das suas
propostas. O centro do programa do Bloco são as pessoas... O Porto como cidade
de face humana.
As restantes candidaturas transpiram continuismo e
imobilismo. Uma é a sequela da direita que tem governado a Câmara do Porto e
que foi fértil na privatização dos espaços públicos; na perseguição, guetização
e expulsão dos mais pobres e necessitados; no abandono e desertificação da
cidade.
A outra candidatura é a extensão do Governo Sócrates. Um
braço que compactua com a privatização do Rivoli (escolhendo o lado do
empresário do espectáculo em detrimento da criação cultural do Porto); com a
proliferação das pouco transparentes empresas municipais. Candidata de um
partido que votou na Assembleia da República pela continuação dos despejos das
habitações sociais por argumentos completamente arbitrários; candidata essa que
não apresenta propostas para reverter a fuga de 60.000 pessoas do Porto em 8
anos.
Ambas as candidaturas, à falta de propostas, esgrimam na
estratosfera. Sobre a recolocação do Porto no mapa; sobre a necessidade do
Porto ganhar centralidade. Ideias para a concretização não são conhecidas!
O Bloco de Esquerda é a ruptura com estes pressupostos
vagos. O BE exige a centralidade das pessoas na política autárquica e na cidade
do Porto. Porque sabemos que quem conta na cidade, que quem faz a cidade, que
quem dá dimensão à cidade são as pessoas.
A cidade do Porto recolocada na região e no país é a cidade
que chama a si os habitantes. Não é a cidade dos especuladores que desertificam
o Centro, nem a cidade-montra que se divide em zonas para ricos e zonas para
pobres. Por isso o BE reclama habitação para todos e heterogeneidade na malha
urbana. Nem mais um despejo por parte da Câmara do Porto e recuperação dos
imóveis devolutos da cidade para posterior cedência às famílias mais
necessitadas. Por isso defendemos a promoção de habitações dignas a preços
livres de especulação.
O BE quer o Porto como a cidade de todos e para todos...
Essa cidade não se faz com a multiplicação dos espaços privados e
privatizadores. Por isso o BE quer a devolução à cidade de espaços como o
Rivoli e a recuperação de espaços como o Bolhão. Queremos ainda o reencontro
com o Rio Douro, espaço que deve ser devolvido ao dia-a-dia de todas as
pessoas.
O Bloco apresentou-se e a sua candidatura é uma candidatura
dos cidadãos e para os cidadãos. Que outras poderão dizer o mesmo? As que arrastam
consigo as políticas do Governo ou as que estigmatizam os mais pobres,
negando-lhes dignidade, direito à habitação e ao local (como acontece no
Aleixo)? Nenhuma destas!
Que outras candidaturas já apresentaram programas e meddas
de combate à crise social, exigindo que a autarquia coloque a prioridade do
lado dos mais desprotegidos? Apenas o Bloco. Porque sabemos quem, na verdade,
faz a cidade!
Moisés Ferreira
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