A
necessidade
de biombos identificada por Carlos César para tapar alguns ministros
deste Governo
é uma pérola difícil de esquecer. Voluntariamente ou não, César
lançou um soundbite
de grande potência, cuja força reside precisamente na verdade
inconveniente que encerra. Muitos biombos começam agora a ser
erguidos. Há que estar atento na Era
dos Biombos que
já se iniciou.
Como
é sabido, os biombos destes tempos não servem apenas para tapar
alguns ministros caídos em desgraça. Servem sobretudo para
disfarçar medidas, políticas e até posturas. São precisos
exemplos? Ora vamos a isso: TGV? Mete-se um biombo e já está; BPN?
Mete-se um biombo e já está; Avaliação de professores? idem;
Aumento da carga fiscal? Idem; Código do trabalho? Idem;
Financiamento do ensino superior? Idem; Casamento de pessoas do mesmo
sexo? Idem; and so
on, and so on...
O biombo é uma solução maravilhosa, não é?
E
desengane-se quem pense que é exclusivo para governos em busca de um
segundo mandato. Não, não! É pró menino e prá menina. Veja-se,
por exemplo, como o PSD está tentar passar uma imagem de amigo dos
fracos e oprimidos (como se não nos lembrássemos do cavaquismo), de
total credibilidade e verticalidade (como se o caso BPN fosse uma
alucinação colectiva e o Governo Santana Lopes nunca tivesse
existido), de responsabilidade nas finanças públicas (como se
Ferreira Leite não tivesse sido uma desastrosa ministra das Finanças
há apenas 5 anos atrás), de inimigo das grandes obras faraónicas
(como se não fosse por excelência o partido do betão).
Os
biombos são de uma utilidade formidável. Metem-se e já está!
Quase esgotam tão grande é a procura que merecem nestes tempos.
Como é evidente, cada um é livre de acreditar nos biombos e tapumes
que quiser. No entanto, às forças políticas sérias compete, no
mínimo, colocar sinais triangulares de perigo a assinalar a presença
dos diversos biombos. Do tipo: "Atenção! Biombo!" Uma espécie
de trabalho cívico, portanto.
João
Ricardo Vasconcelos, autor do blogue Activismo
de Sofá
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