No
final de Janeiro deste ano, a empresa dispensou o serviço de 254
trabalhadores de agências de trabalho temporário. Foi possível
depois de varias reuniões com a empresa e de contactos com o Governo
encontrar uma solução de certa forma inovadora, que levou estes
trabalhadores à formação e a um compromisso da Empresa de, no
final da formação, (que coincidirá muito provavelmente com o
lançamento do sucessor da actual Sharan) serem admitidos..
Com
o agravar da crise, no final do primeiro trimestre, a empresa volta à
carga e convocou a CT para preparar um pré-acordo, que prevenisse o
despedimento de 250 trabalhadores contratados, a possibilidade de
lay-off e a fixação de todos a um turno com a retirada do
respectivo subsídio.
A
CT e a maioria que a sustenta fez o que lhe competia,
negociar para garantir o
afastamento do lay off, manter os turnos, o respectivo subsídio e
principalmente garantir que não haveria despedimentos.
Realizaram-se
plenários gerais de trabalhadores para auscultação dos mesmos e
recolha de ideias que levassem a uma solução negociada, solução
que tivesse o menor impacto possível nos bolsos dos trabalhadores no
que diz respeito, ao seu
salário, mas
com implicações reconheço, no trabalho extraordinário e apenas:
1º-
Para períodos de lançamento ou picos de encomendas
2º Num
máximo de 2 Sábados em 2009 e de 6 Sábados em cada um dos dois
anos seguintes.
O
pagamento destes Sábados, seriam, recordo, para os trabalhadores com
saldos negativos, de 8 horas em dinheiro e de 6 a abater nos saldos
negativos na conta de tempo de cada um.
Quanto
mais depressa a conta estivesse saldada, mais depressa receberiam os
22 Down Days (22 dias) ano a que têm direito.
Para
os que tinham saldos positivos ou nulos, 8 horas em dinheiro e 6 a
acumular e a receber caso não tivessem utilizado os Down Days.
Este
pré-acordo, como era de esperar, não foi pacifico no mundo
sindical, nem nas vanguardas do costume, o que teve influencia nas
discussões em plenário, chegando ao ponto de dramatizações.
Alegaram
alguns que o acordo não era
bom, não
era mau, mas tinha um
problema, a obrigatoriedade (dentro dos limites da lei) de trabalhar
nesses Sábados. Ou seja "eu
quero fazer um acordo com uma pessoa, quero que essa pessoa cumpra a
sua parte do acordo, (no caso não despedir manter os turnos, etc.)
mas da minha parte não quero ser obrigado a cumpri-lo. Como
sonho, é óptimo, mas infelizmente não vivemos no país dos sonhos,
vivemos num regime capitalista, onde só empresas saudáveis e
lucrativas mantêm ou criam empregos.
Podemos,
como é o meu caso e o de milhares de trabalhadores e de cidad@os,
querer outro tipo de regime, um regime onde a distribuição seja
mais justa, a justiça funcione e o acesso à mesma seja gratuito, os
corruptos sejam fortemente condenados, os bens essenciais cheguem a
todos, o trabalho seja mesmo um direito, as reformas permitam viver
com dignidade, todas as formas de liberdade sejam respeitadas e
incentivadas e a democracia seja um facto, esse, é um regime
Socialista, mas mesmo nesse e para que tudo isto seja possível, é
necessário que as empresas sejam lucrativas, pois só com os
impostos sobre os seus lucros se pode garantir o bem estar da
população em geral.
Mas
voltando ao que interessa, ao pré-acordo na Autoeuropa, o mesmo foi
sujeito ao voto secreto, teve uma exemplar participação e rejeitado
por 51% dos trabalhadores.
De
imediato, a CT reuniu com a Administração para relembrar que os
trabalhadores desta empresa, fruto de tudo o que têm dado à mesma,
mereciam um compasso de espera para ver se haveria melhorias
económicas a nível mundial. A nossa argumentação foi a de que
fossem salvaguardados em primeiro lugar os postos de trabalho dos 250
trabalhadores a contrato, em segundo lugar os turnos e o respectivo
subsídio, tal argumentação vingou, tendo a Administração no
entanto anunciado 10 dias de lay-off para todos, o que corresponderia
a cerca de 4,6% de perda do rendimento de um ano de salário, o que
equivaleria a que num mês, cada trabalhador tivesse recebido menos
46% do salário.
Recordou
a CT que não era por este motivo que levariam o mesmo acordo a
votos.
Ganhou-se
tempo e as compras de carros novos começaram a subir ligeiramente,
em minha opinião, muito fruto da antecipação de compras para
aproveitamento dos subsídios dos governos europeus, que variam entre
os 1.500€ e os 3.000€, nos Estado Unidos são de 4.500 dólares
(3.150€), a que se estão a juntar descontos dos concessionários e
das marcas, estes subsídios são para abate de carros com mais de 8
anos e têm uma função económica mas também ecológica.
A
verdade, é que fruto disso já estão afastados para
parte dos trabalhadores da
empresa, a totalidade dos 10 dias de lay-off e para a esmagadora
maioria, 4 desses dias.
Agora,
compete à CT e tudo faremos para isso, afastar os restantes 6 dias
de lay-off.
Neste
preciso momento já se procede mesmo a algum trabalho extraordinário,
por enquanto ainda não fruto apenas de um aumento de encomendas, mas
principalmente da recuperação de produção perdida devido a
alterações técnicas feitas durante as férias nas linhas de
montagem.
Podem
alguns dizer, tinha razão a
maioria que chumbou o acordo,
pessoalmente não penso assim, pois se o actual aumento de encomendas
for fruto do anúncio do fim dos subsídios no final deste ano, o
primeiro semestre do próximo pode ser muito complicado, visto que as
mais de 14 semanas que vão entre o fim da produção da actual
Sharan e o início da produção do sucessor e a possível quebra de
compras na Europa de carros novos fruto da antecipação dos
consumidores, são um somatório de factos, que podem obrigar à
necessidade de ser encontrada uma solução, que de uma vez por
todas, afaste a redução de trabalhadores e ou a perda de salários
fruto dos lay-offs.
Em
meu entender a maioria que suporta a actual CT lá estará, com os
trabalhadores na primeira fila, na procura dessas soluções, não
temos que inventar nada, apenas adaptá-las, pois elas existem em
todas as fábricas da VW no mundo e foram frutos de acordos feitos em
momentos difíceis mas com bons resultados no que diz respeito a
garantias de emprego.
Mas
também a VW e o Governo, seja ele qual for, a exemplo do que foi
feito noutros países, têm que rapidamente encontrar para esta
empresa um carro de produção em massa, pois só isto garantirá a
manutenção da empresa para além do final da vida dos actuais
modelos de nicho (EOS e SCIROCCO).
Antonio
Chora
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