A noite do passado
domingo não foi muito animadora. O Bloco não é um partido que
esteja habituado a manter e muito menos a perder o que quer que seja.
Assim sendo, mesmo as subidas que de facto aconteceram a nível
global souberam a pouco dados os resultados obtidos nomeadamente em
Lisboa e no Porto. Para quem está habituado a ganhar, o passado dia
11 deixou um amargo na boca.
O cenário não era fácil
e muitas das razões apontadas para este resultado são de senso
comum: a bipolarização e o apelo ao voto útil foram fortíssimos
em muitos concelhos e freguesias; o Bloco é um partido recente e é
natural que ainda se esteja a desenvolver a nível autárquico; a
proximidade tão grande com as legislativas acabou surpreendentemente
por ser negativa para o partido, existindo dificuldade em adaptar a
mensagem ao meio autárquico e a associar rostos conhecidos da
opinião pública com os objectivos a nível local. Apesar de ter
mais uma vez demonstrado um notável dinamismo, a (pequena) máquina
partidária estava naturalmente exausta depois de umas legislativas
muito quentes.
Mas, como é sabido, o
que há de positivo nos momentos menos bons é precisamente
aprendermos com eles. É um lugar comum. Um cliché foleiro, bem sei.
Mas que se calhar vale a pena ser recordado nestes momentos. Para ser
provocador, diria mais até: num partido que está muito habituado a
ganhar, se calhar é bom que surjam momentos em que tal não
acontece. Resta transformar o facto numa oportunidade, reflectindo
internamente sobre o que está bem, o que está menos bem, o que
precisa de ser melhorado. No fundo, tentar
ganhar
não tendo ganho,
como diriam os Gato Fedorento.
E o actual momento
político é dos melhores para que a referida reflexão interna possa
suceder. Apesar desta ser uma legislatura que se adivinha difícil,
os próximos actos eleitorais ainda estão distantes. É uma boa
altura para o Bloco conseguir despender um pouco de tempo consigo,
alinhando estratégias e traçando caminhos futuros.
João Ricardo
Vasconcelos, Politólogo, gestor de projectos e autor do blogue
Activismo de Sofá
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