Na
continuação do meu texto da semana passada e da afirmação
expressa de que é mais vantajoso, do ponto de vista da economia e
muito mais interessante do ponto de vista social, subsidiar o emprego
e a sua manutenção ao invés de, apenas, subsidiar o desemprego,
vou tentar dar mais alguns exemplos de formas que ajudariam a
combater a crise e consequentemente evitar o desemprego.
Artigo
do nosso leitor José Ferreira dos Santos
A
atribuição da reforma aos trabalhadores com 40 anos de
contribuições para a Segurança Social, para além da justeza da
medida, era uma forma de libertar muitas centenas de postos de
trabalho para outros trabalhadores mais jovens.
A
diminuição da jornada de trabalho contribuiria, igualmente, para
aumentar a distribuição do trabalho existente por um maior numero
de trabalhadores.
Apostar
na criação de reais condições de apoio a pequenas e médias
empresas visando a manutenção e até o aumento de postos de
trabalho.
Atendendo
às condições privilegiadas do nosso país em termos de solo e de
clima para a produção agrícola de qualidade, nomeadamente de
agricultura biológica, criar condições para o apoio técnico e
financeiro aos pequenos agricultores, visando incentivar a produção
de bens alimentares e a sua distribuição com melhor acesso ao
mercado interno e externo, contribuindo para a fixação dos jovens
na agricultura, oferecendo-lhes condições de vida dignas e
apelativas.
Dir-me-ão
que os custos de tais medidas são incomportáveis na situação
económica com que o país se debate.
É claro
que tais medidas implicam um aumento de despesa, por via dos
subsídios a atribuir para as levar à prática.
Para as
Finanças Públicas os "lay off", os subsídios de desemprego, a
queda de impostos decorrente da paralisação e fecho de tantas
empresas não contam?
Os
gravíssimos problemas sociais provocados pelo desemprego e exclusão
social que lhe está associada ficam espantosamente mais caros à
sociedade do que os possíveis custos da implementação de medidas
como estas.
De
qualquer modo, por exemplo a Caixa Geral de Depósitos, o banco do
Estado, já gastou com as falências bancárias, só com o BPN, 4.000
milhões de Euros. Falta saber o que custará, ao bolso dos
contribuintes a famigerada nacionalização do BPP.
Só para
estas "despesas", sem recuperação social , é que não há
falta de dinheiro ?
Os
bancos privados continua, apesar da crise a vangloriar-se dos
fantásticos lucros que obtêm. Não admira, as taxas dos impostos
que pagam são muito mais baixas do que as que oneram os magros
lucros de qualquer mercearia de bairro.
Porque
não investir parte desses fabulosos lucros em fundos para minimizar
o custo da crise que, em parte , foi produzida pela cupidez dos
financeiros e da sua economia de casino.
Em nome
da solidariedade, porque não criar um imposto sobre as grandes
fortunas que ajude a ultrapassar esta situação? Tal proposta nem é
muito original, pois impostos deste tipo existem mesmo na Europa mais
liberal e nos Estados Unidos.
Faz
falta é alguma coragem política e a assunção de politicas
realmente viradas para a resolução dos problemas reais dos cidadãos
e não, apenas, visando satisfazer as elites poderosas.
Nessas
medidas não cabe, por certo, escolher pessoas como o Snr. Van
Zeller, até há bem pouco tempo patrão dos patrões, para
conselheiro do Ministro "Socialista" da Economia.
Necessitamos
em Portugal de governantes que não se preocupem, apenas, com o pós-
governo e com uma futura carreira em empresas, que apadrinharam
enquanto mandatários dos eleitores para exercer o poder.
As
pessoas não podem estar ao serviço da economia, deve ser a economia
a estar ao serviço das pessoas.
José
Ferreira dos Santos, membro da Assembleia Municipal de Matosinhos
pelo Bloco de Esquerda
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