As questões estruturantes da educação
em Portugal continuam a ser exorbitantemente dissimuladas e
permanecem sem soluções aparentes, aliás, nem sequer
discutidas.
Artigo do nosso leitor Filipe Pardal
A Ministra da Educação mudou, muitos
dizem que para melhor. Porém as questões estruturantes da educação
em Portugal continuam a ser exorbitantemente dissimuladas e
permanecem sem soluções aparentes, aliás, nem sequer discutidas. O
PS continua a ter um comportamento desviante, que já vem dos últimos
quatro anos de governação. Já não vou aludir para o facto de que
a posição social e cultural das famílias dos jovens continua a ser
um grave condicionante no percurso escolar dos mesmos, aliás
condicionante na obtenção de sucesso ou insucesso.
A gratuitidade escolar (que iria
permitir uma verdadeira democratização do nosso ensino) parece ter
sido completamente esquecida; não existe o mínimo esforço do
Ministério para criar bolsas de empréstimo, o que iria permitir que
os manuais escolares se reutilizassem e se tornassem realmente num
instrumento de ensino gratuito. Apesar deste desleixo do Governo, a
esperança pode habitar no poder local, já que este tem a autonomia
necessária para conseguir executar esta funcionalidade com alguma
eficiência, embora numa escala inferior quando comparada com uma
possível bolsa de empréstimo nacional.
Esquecida também parece estar a
introdução efectiva de norte a sul do país da Educação Sexual. A
escola precisa de uma oferta social consistente e só assim poderá
ter uma maior qualidade. Já é tempo para se defender a introdução
de uma orientação vocacional bem estruturada e que mais importante,
que seja para todos!
Continuam a entrar jovens no ensino
superior todos os anos que não têm condições para tal. Chega de
facilitismo, chega de trabalhar para números e estatísticas. A
escola serve para formar e não para permitir a progressão de alunos
que não sabem ler nem escrever com lucidez aceitável. Isto
acontece, isto deteriora o país.
A simpatia de Isabel Alçada na
negociação com os Professores é só uma pequena parte do problema
da educação no nosso país... Não pense que nós, cidadãos, vamos
ficar satisfeitos por um mero conjunto de falsas modéstias que já
superou a antiga ministra (isto não é nenhum motivo de alegria).
Olhe para o que realmente interessa, olhe para as realidades do nosso
país que o Ministério tende a desprezar.
Filipe Pardal, Aljustrel
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