Um certo
clima de medo larvar tem vindo a instalar-se na sociedade portuguesa,
sob os mais diversos pretextos.
Tal
situação não aproveita aos portugueses em geral e muito menos
àqueles que mais sofrem os efeitos de uma crise financeira e social
para que não contribuíram.
O clima
de medo começou por se instalar ao nível dos locais de trabalho,
ainda durante os governos PSD/CDS, quando foram lançadas as mais
soezes acusações sobre os trabalhadores quer do sector privado ,
quer da função pública, nomeadamente professores, enfermeiros,
médicos, etc .
As
tentativas de assacar aos trabalhadores e aos seus sindicatos as
culpas da ruinosa gestão de tantas empresas e até do défice
público fizeram parte da mesma campanha, visando limitar e até
impedir o exercício do direito dos trabalhadores à sindicalização
e à defesa dos seus interesses .
Hoje,
essas mesmas forças tentam, hipocritamente, fazer esquecer essas
atitudes, que infelizmente foram continuadas pelos governos de José
Sócrates.
Mas nós,
não as esquecemos.
Também
não esquecemos as manipulações dos órgãos de comunicação
social , das campanhas de calunias e de "invenções" que, nessa
altura, foram lançadas e que, agora, fingem nunca terem existido.
Bem
conhecemos os lobos, sob a pele de cordeiros.
Somos
dos que consideramos imprescindível a existência de uma comunicação
social livre e responsável, sem controlo por parte do poder
politico, mas também, sem pressões por parte dos grupos
económicos.
Consideramos
as liberdades democráticas e o pleno exercício da democracia
inquestionáveis e continuaremos a bater-nos contra qualquer
atentado à sua existência. Queremos, isso sim, o aprofundamento
dessas liberdades e a sua qualificação.
De
qualquer forma, interrogamo-nos a quem interessa o catastrofismo, a
insegurança, o clima de terror, a descrença e o pessimismo
permanente?
O que
faz correr os "fazedores de opinião", que jogam permanentemente
este jogo?
Por isso
é importante que os democratas exijam uma completa clarificação
das recentes "revelações" surgidas na imprensa sobre
hipotéticos envolvimentos de membros do governo em actos de pressão
sobre a imprensa e sobre jornalistas. Que , se for caso disso, os
tribunais cumpram o seu dever com justiça e com a presteza, para
beneficio da mesma.
Só
assim poderemos aquilatar do que realmente se passa e com o que
poderemos contar. O clima de boatos e de meias verdades não
interessam a ninguém e desviam a atenção do que é realmente
importante.
O Povo
Português tem que poder ter alguma confiança tanto nos tribunais,
como nos outros órgãos de poder.
Temos a
esperança de que os Portugueses saberão encontrar os meios para
ultrapassar esta fase de pessimismo e de descrença, fomentadas pelos
mesmos que provocaram a crise em que nos encontramos mergulhados, sem
se deixarem envolver em aventuras armadilhadas, tipo "maiorias
silenciosas", que as forças de direita e de extrema direita possam
criar, com falsas promessas que, sabemos bem como sempre acabam,
mesmo que se proponham "pôr ordem nisto" como em 1926.
Nós
portugueses, bem como os outros europeus, sabemos muito bem como é
curto o conceito de liberdade para essas pessoas.
José
Ferreira dos Santos, membro da Assembleia Municipal de Matosinhos
pelo Bloco de Esquerda
{easycomments}
|