No
primeiro semestre de 2009, os prejuízos dos hospitais públicos com
gestão empresarial aumentaram 91 milhões de euros; em
contrapartida, o lucro dos hospitais privados cifrou-se em 700
milhões de euros. Esta realidade não pode deixar de nos
espantar.
Artigo do nosso leitor Ricardo
Fonseca
Num
mundo global, com características neoliberais, a rapidez na tomada
de decisões é cada vez maior. A informação circula com a
velocidade do espaço cibernético, acabando por ficar dispersa num
conhecimento deficiente, tanto mais quanto ela mesma pode ser
contrária aos interesses do sistema.
É o
caso exemplar dos hospitais públicos com gestão empresarial (EPE).
Se dum lado vemos os prejuízos aumentar sempre que se divulgam os
resultados; nos hospitais privados, sucede exactamente o contrário,
vêem-se os lucros aumentar sempre que se conhecem os relatórios.
Ocorrem-nos então uma série de perguntas: O que os separa assim
tanto? Será do país ou da região onde estão inseridos? Será dos
doentes? Será dos medicamentos que utilizam? Será, por fim, da
organização e da gestão rigorosa, por outras palavras, da gestão
eficiente?
No
primeiro semestre de 2009, os prejuízos dos hospitais públicos com
gestão empresarial aumentaram 91 milhões de euros; em
contrapartida, o lucro dos hospitais privados cifrou-se em 700
milhões de euros. Esta realidade não pode deixar de nos espantar.
Que governos ou que primeiro-ministro conseguiriam uma reforma capaz
de tal proeza.
Vistas
bem as coisas, o Estado teria aqui uma autêntica galinha dos ovos de
ouro. Num tempo em que até a sucata dá milhões e distribui cheques
a granel, a pobre galinha dourada dá prejuízos sucessivos. A mesma
galinha que deveria aconchegar todos os seus pintos que a ela ocorrem
à procura de socorro, escorraça-os de bicada em bicada.
E os
portugueses pagam os impostos para cobrir os prejuízos destes
hospitais, onde são mal ou nem sequer são tratados. Outros, os que
podem, pagam os prémios de um qualquer seguro de saúde, na
esperança de alcançar a atenção e a dignidade que merece o ser
humano, principalmente na doença. E o Estado, que deveria servir os
cidadãos, serve uma nova burguesia e serve os grandes grupos
económicos. Estes resultados, não devem, por isso, passar
despercebidos, não devem ser esquecidos pelo acumular de ruídos que
a comunicação social vai debitando. Na verdade, há gente de boa
saúde, diríamos, de excelente saúde. Que o digam os gestores de
topo. Os outros, aqueles que trabalham, que paguem os impostos, e
fiquem a olhar para o salário que vai diminuindo cada mês que
passa.
Esta é
a nova falácia deste reino à beira mar plantado. Um reino onde o
sol, muito embora nasça a maior parte dos dias do ano, só bronzeia
uns tantos.
Ricardo
Fonseca
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