Os flexisocialistas conseguiram em Portugal que em cada três
trabalhadores com menos de 30 anos, dois sejam precários. Sem férias pagas, 13º
mês, subsídio de alimentação, transporte ou maternidade, sobra ao jovem
precário um salário baixo e a angústia de não saber se o volta a receber no mês
que vem.
Esta sexta-feira à tarde a precariedade no emprego toma
conta da capital do país: do Rossio partirá a manifestação de jovens
trabalhadores promovida pela Interjovem; e na antiga FIL subirá ao palco duma conferência
sobre trabalho temporário o deputado do PS Vitalino Canas, aqui na sua pele de
provedor das empresas deste sector.
Os manifestantes dirão que não querem mudanças para pior no
código do trabalho, e que os falsos recibos verdes não podem continuar a servir
de disfarce para as dificuldades em conseguir a autonomia financeira já depois
dos 30 anos. Vitalino explicará as virtudes desse modelo para as nossas vidas e
talvez possa mesmo voltar a lamentar que os contratos de trabalho temporário
não possam ser de três anos em vez de dois, como estava na proposta original da
lei que ele votou no parlamento.
Com estes flexisocialistas no poder, os resultados estão à
vista: há mais de meio milhão de jovens a trabalhar com contratos a prazo, um
número que não conta os que fingem ser empresários em nome individual para que
a empresa onde ocupam um posto de trabalho permanente possa descartar as suas
responsabilidades em troca de um recibo de prestação de serviços. Entre 2005 e
2007, perderam-se 40 mil trabalhadores com contrato permanente e aumentaram 92
mil os que têm contrato a termo.
Os flexisocialistas conseguiram em Portugal que em cada três
trabalhadores com menos de 30 anos, dois sejam precários. Sem férias pagas, 13º
mês, subsídio de alimentação, transporte ou maternidade, sobra ao jovem
precário um salário baixo e a angústia de não saber se o volta a receber no mês
que vem. E é precisamente isto que acontece a cada vez mais gente, como o
demonstram os números de Fevereiro da Segurança Social. Cada vez mais pessoas
vivem apenas com o subsídio social de desemprego e os pedidos para este apoio
destinado a situações de emergência social duplicaram no último ano.
Os flexisocialistas alimentam o negócio das ETT (empresas de
trabalho temporário), que tem crescido 15 a 20% ao ano, e que por sua vez se alimenta
de parte do salário de dezenas de milhares de pessoas em Portugal. E também do dinheiro de todos, com 42% das ETT a acumular 115 milhões de euros em dívidas à Segurança Social no ano passado. Vitalino Canas,
o seu porta-voz, espera que a revisão do Código do Trabalho possa empurrar
ainda mais gente para este tipo de emprego "moderno" e descartável em
que há dois patrões a ganhar e um trabalhador sempre a perder.
Luís Branco
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