Os alunos esses bonequinhos amestrados pelo
ministério da educação e pelos órgãos de gestão das escolas são completamente
desrespeitados em termos de intervenção politica e crítica directa nessas
mesmas escolas.
Opinião do nosso leitor João Mineiro da Covilhã.
A escola enquanto meio de cidadania, de intervenção, de
escolha, de crítica, de pensamento e sobretudo de aprendizagem é visto pelos
alunos acima de tudo como um fardo, que temos de enfrentar por imposição moral
dos nossos pais e do sistema (passa-se o mesmo com a catequese, mas sobre isso
escreverei numa próxima oportunidade)... Aquilo que Abril me ensinou foi diferente... Muito diferente.
Os valores de esquerda que respeito, porque luto e com os
quais quero guiar a minha vida ensinara-me que não nos podemos conformar
perante esta injustiça social que nos impingem dia a dia e que passa por baixo
do nosso nariz diariamente - Estuda e Cala! É esta imposição de consciências
que desrespeita o espírito crítico dos alunos que formatou e "standartizou " o
sistema educativo em Portugal ao longo dos anos. Os sucessivos governos, a
única coisa fizeram foi discutir os problemas educativos com professores, com
sindicatos e funcionários ... ao mesmo tempo os conselhos educativos o que fazem
é precisamente a mesma coisa discutir os problemas, objectivos e a gestão
escolar com professores, sindicatos e com funcionários, mas afinal de contas
onde ficam os alunos nesta historia toda? É esta imposição de medidas e a não
discussão de certos problemas com os alunos que faz com que os alunos se
desmarquem das políticas educativas (essênciais a uma formação consciente) e
que faz com que estes face à política assumam uma atitude de completo desprezo.
E até posso colocar alguns exemplos concretos: Desde os
exames nacionais às aulas de substituição... Desde as turmas sobrelotadas à não
adaptabilidade dos professores aos alunos com necessidades especiais... Desde o
novo estatuto do aluno ao ensino obrigatório... Desde o novo modelo de gestão da
escola aos manuais inadaptados à matéria curricular... Tudo isso são coisas que
afectam directamente os alunos e que na minha opinião mereciam também que os
alunos tivessem alguma voz... O que acontece é que o sistema educativo só se
preocupa com uma parte da comunidade escolar. Os alunos representados
democraticamente pelas AE´s têm o direito a uma opinião, é o mínimo que se pode
fazer em nome da Democracia na escola. A educação é uma necessidade, mas é
também um direito, um direito de Abril...
O que eu peço é sensato (fizemo-lo, enquanto bloco, em
relação à educação sexual e os resultados estão à vista de todos)... e não
poderia definir melhor a minha opinião se não parafraseando uma frase de uma
perspicácia enorme de um grande camarada meu: "Democratização da política é nos
dizermos às pessoas que têm que ter uma opinião sobre aquilo que as afecta, é
nos termos uma palavra a dizer (...) é por isso que nós falamos na educação
para a cidadania, educar os jovens para a democracia, para quando eles forem
grandes participarem... Não! a educação tem que ser feita na cidadania, não é
educação para a democracia mas educação na cidadania. As escolas têm que ser já
em si um espaço de cidadania, de participação" (José Soeiro, 15 Maio 2008)
João Mineiro
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