A actual crise de confiança no papel do Banco de Portugal,
como Autoridade de supervisão de operações financeiras ao nível do sistema
bancário, despoletada com o caso BPN, traz à memória dos portugueses os
critérios diferenciados de apelos incessantes ao "apertar do cinto"
protagonizados por Vítor Constâncio.
Opinião de José Lopes
Com a sua autoridade, Constâncio tem ajudado a impor ao país,
mensagens de alertas "vermelhos", influenciando com particular incidência o
governo de Sócrates, a não ser sensível nas políticas sociais.
O fantasma do défice, repetido até á exaustão, serviu para
justificar e avalizar todas as politicas de ataque aos serviços públicos, ao
seu desmembramento e descrédito, ao corte de direitos sociais, ao congelamento
salarial e ás medidas economicistas em sectores como a saúde ou educação.
Neste capítulo o Banco de Portugal mostrou-se demasiado
eficiente e exigente no "equilíbrio" das contas públicas. Mas estranhamente, todo
este rigor e sacrifício para as famílias, aconteceu em simultâneo com a
inacreditável passividade desta mesma Instituição, para com o descalabro do BPN,
cujos critérios de disciplina nas contas do banco e dos negócios escandalosos,
deixaram transparecer descarado facilitismo para o capital, contrastando com os
repetidos alertas de sacrifícios e mais sacrifícios aos trabalhadores.
José Lopes (Ovar)
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